O desenvolvimento da leitura e da escrita é o ponto de partida para educação e a comunicação de um indivíduo. Motivo pelo qual 14 de novembro, declarado, o Dia Nacional da Alfabetização, é uma data que merece tanto destaque. Instituído em 1966, o marco propõe uma discussão fundamental em torno do analfabetismo no país.
No Brasil, cerca de 11,8 milhões de pessoas são consideradas analfabetas, de acordo com a pesquisa mais recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é um dado que vem diminuindo ao longo dos anos, mas que ainda é considerado elevado e gera preocupação.
Além disso, parte da população brasileira, apesar de alfabetizada, não é considerada letrada. Sim, há uma diferença eminente entre os dois processos. Você sabe como é feita essa distinção entre eles?
Em linhas gerais, a alfabetização cumpre o papel de codificar e decodificar o sistema de escrita e os números, de modo que o indivíduo seja capaz de desenvolver diversos métodos de aprendizado da língua.
Por outro lado, de acordo com a doutora e livre-docente em Educação Magda Soares, referência no tema, o letramento, conceito relativamente recente na educação, está associado a leitura e escrita que ultrapassem o domínio do alfabeto e da ortografia, de modo que o indivíduo utilize essas habilidades em diversas práticas sociais, nos mais variados contextos.
Por exemplo, uma pessoa alfabetizada é capaz de preencher um documento ou escrever bilhetes. Já uma pessoa considerada letrada, é estimulada à leitura e à escrita, sendo capaz de ler vários formatos de conteúdo, como livros, revistas e jornais, e desenvolvendo habilidades importantes, como a interpretação de textos.
A pesquisadora entende a alfabetização e o letramento como interdependentes e indissociáveis. “A alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de letramento e por meio de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência da e por meio da aprendizagem do sistema de escrita”, afirma Magda em seu artigo Alfabetização e Letramento: Caminhos e Descaminhos.
Muito mais do que a formação intelectual do indivíduo, a leitura e a escrita contribuem para a formação moral e tem reflexos na qualidade de vida, apontam indicadores divulgados pelo economista Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton.
De acordo com as amostras, de forma geral, as pessoas consideradas alfabetizadas conseguem desenvolver outras formas de linguagem. Isso tem reflexos na percepção da própria saúde, na prática de esportes, nos níveis de absenteísmo no trabalho, no mercado de trabalho, na remuneração, no planejamento familiar e, sobretudo, na educação dos próprios filhos.
Referências:
http://fce.edu.br/blog/alfabetizacao-e-letramento-na-educacao-infantil/
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d16t07.pdf